com crianças em situação de vulnerabilidade social
Winnicott (1975, p.80) pontua que “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self)”.
Com essa afirmativa verifica-se a enorme importância da criatividade para o viver saudável, portanto, para que o brincar seja possível, torna-se fundamental que a pessoa possa desfrutar de um ambiente, denominado por ele, de “suficientemente bom”, com possibilidades que estimulem a criação.
Sob essa vertente pretendeu-se desenvolver um estudo exploratório, referente às contribuições de um trabalho na área de psicologia utilizando atividades artísticas (pintura, desenho, expressão corporal, musical, entre outros) com crianças em situação de vulnerabilidade social, entendendo esse termo como uma posição de desvantagem frente ao acesso às condições de promoção e garantia dos direitos de cidadania de determinadas populações, fundamentado na estrutura teórica de que a arteterapia facilita o processo criativo, estimulando a imaginação e conseqüentemente a expressão simbólica dos aspectos internos das crianças.
Tomou-se como eixo de pesquisa, o Projeto Criança e Adolescente Feliz (PCAF) que desenvolve um programa da (MSMT) Missão Salesiana de Mato Grosso – Cidade Dom Bosco, sem fins lucrativos, que oferece atividades preventivas à crianças/adolescentes em situação de risco.
Objetivo
O principal objetivo foi verificar os efeitos da utilização das modalidades artísticas (utilizando os paradigmas da arteterapia) com a clientela encontrada na instituição.
Metodologia
Foi um estudo descritivo com enfoque qualitativo, trabalhando com um grupo de 5 crianças entre 7 a 9 anos indicadas pela instituição.
Focou-se na técnica da construção, uma das possibilidades expressivas em Arteterapia que vem do verbo "construir", segundo Ferreira (1986) significa dar estrutura a, edificar, fabricar; organizar, dispor, arquitetar, formar, conceber e elaborar.
As atividades realizadas foram:
pintura no papel e na madeira, desenhos; origami (dobraduras) e kirigami (recortes); colagem/recorte; modelagem com argila; expressão corporal;construção de máscara.
Para ciornai (1995), as atividades artísticas podem funcionar como produtora de um resgate da qualidade de vida e do viver, em seu sentido mais humano. “o fazer artístico, considerando-se a relação terapêutica, proporciona, de maneira eficaz e rápida, “pontes para a intersubjetividade, um contato rico, íntimo e profundo que, dependendo do caso, pode prescindir de palavras ou enriquecer com ela” (p.62).
Essa pesquisa apontou a arteterapia como um dos caminhos a promoção de saúde, especialmente para essa clientela que só passou a ter acesso a materiais artísticos ao entrar na referida Instituição.
Os resultados foram surpreendentes, logo nas primeiras sessões verificaram-se a expressão dos conflitos internos nas produções artísticas e dessa forma as intervenções puderam ser realizadas, ocorrendo ainda orientações aos professores e principalmente aos pais ou responsáveis. Visando o bem estar das mesmas.
A realização desse movimento arteterapêutico refletiu na instituição de maneira significativa, o olhar para as atividades relacionadas ao fazer artísticos, tornou-se diferenciado. Observou-se uma evolução significativa das crianças por parte dos educadores, aumentando o interesse pelas atividades escolares. Algumas questões puderam ser trabalhadas e outros conflitos ficaram obscuros, porém, essa atividade foi um grande começo, a qual a arte torna-se norteadoras do processo, comprovando que a produção artística de cada um é a própria expressão do seu “eu” possibilitando enxergar a si próprio.